Determinantes Sociais da Saúde (continuação)
Já sabemos que as condições econômicas e sociais influenciam decisivamente na saúde de pessoas e populações, podemos dizer então que a maior parte da carga das doenças acontece por conta das condições em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem.
O termo que resume os fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais que influenciam o estado de saúde é conhecido como “Determinantes Sociais da Saúde”.
Em 2010, a Organização Mundial de Saúde organizou um modelo que se propõe a explicar como esses fatores interagem entre si, e como podem influenciar no estado de saúde das pessoas.
O primeiro elemento deste modelo é composto pelos contextos socioeconômicos e políticos. Estes contextos abrangem um conjunto de aspectos estruturais, culturais e funcionais de um sistema social que exercem uma poderosa influência formativa nos padrões de estratificação social e, portanto, na saúde das pessoas.
Estes aspectos, incluem:
Governança, caracterizada pelo sistema de valores, políticas e instituições em que a sociedade administra os aspectos econômicos, políticos e sociais. Em linhas gerais, podemos dizer que é como a sociedade se organiza para tomada de decisões.
Política macroeconômica, que inclui políticas fiscais e monetárias.
Políticas sociais, englobando aqui fatores como trabalho ( a exemplo programas de seguro-desemprego, criação de vagas específicas para jovens aprendizes ou pessoas com deficiência, entre outras...), estado de bem-estar social (voltado para equidade de oportunidades e distribuição de riquezas), distribuição de terra e moradia.
Políticas públicas em áreas prioritárias como educação, serviços de saude, água e saneamento.
Valores da sociedade e culturais
Condições epidemiológicas casos de epidemias, pandemias, que podem exercer influencias importantes estruturas sociais e politicas globais.
São estes aspectos do campo sócio-econômico e político que geram diferentes posições socioeconômicas dos indivíduos que leva a divisão desses indivíduos de acordo com características como renda, ocupação, educação, etnia, gênero ou classe social.
Assim são essas diferentes posições socioeconômicas que determinam as vulnerabilidades e exposições diferenciadas a condições de saúde dos diferentes grupos sociais. Por isso, são chamados pela OMS de Determinantes estruturais de saúde.
Esses determinantes estruturais operam através de um série do que chamaremos de determinantes intermediários de saúde. As diferentes posições socioeconômicas exercem uma influência direta a um conjunto de fatores em nível individual que inclui desde comportamentos até a fatores fisiológicos.
O principais categorias de determinantes intermediários de saúde são: circunstâncias materiais; circunstâncias psicossociais; fatores comportamentais e/ou biológicos; e o próprio sistema de saúde.
Circunstâncias materiais inclui aspectos relacionados ao ambiente físico , como por exemplo a habitação, meios financeiros para comprar produtos saudáveis, comida, roupas quentes, etc., e o local de trabalho e ambientes de vizinhança.
Circunstâncias psicossociais - Aqui falamos dos estressores psicossociais (por exemplo, eventos negativos da vida e tensão no trabalho), vida estressante circunstâncias (por exemplo, dívida elevada) e (falta de) apoio, estilos de enfrentamento, etc. Diferentes grupos sociais expostos em diferentes graus a experiências e situações da vida que são percebidas como ameaçadoras, assustador e difícil de lidar no dia a dia. Isso explica em parte o padrão de longo prazo de desigualdades na saúde.
Fatores comportamentais - são fatores como fumar, padrões de dieta, consumo de álcool e falta de exercício físico, que novamente podem proteger ou melhorar a saúde (como exercício) ou prejudiciais à saúde (tabagismo e obesidade); entre fatores biológicos estão incluindo fatores genéticos, idade e sexo.
Sistema de saúde - as diferentes formas de acesso aos serviços de saúde podem que incorpora diferenças de exposição e vulnerabilidade dos indivíduos.
Por fim a OMS traz a importância do conceito de capital social, esse conceito remete as características da organização social, podendo ser encarado como uma extensão das relações sociais e das normas reciprocidade. Ou seja as redes de apoio social e a forma como determinado grupo de sujeitos vive se organiza pode favorecer beneficamente ou trazer malefícios a saúde.
Podemos visualizar os diversos determinantes e como se dão as relações entre eles da seguinte forma:
É isso pessoal, eu sei que parece muito complexo, porém o processo de saúde doença não é um processo simples, e como podemos ver tem muita influencia do contexto social que vivemos. Isso reforça ainda mais que como seres humanos, só alcançaremos o estado de saúde de investirmos em compreender e diminuir as iniquidades de saúde.
Se quiser ler mais sobre, acesse o documento original da OMS pelo link abaixo:
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